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Pesquisa identifica alterações no genoma do boto-vermelho da Amazônia Os pesquisadores ainda não sabem se as alterações são normais ou causadas por poluição ambiental

Foto: Divulgação/Inpa
MANAUS- Uma pesquisa realizada pelos laboratórios de Genética Animal (LGA) e de Mamíferos Aquáticos (LMA), ambos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), conseguiu identificar modificações no genoma do boto-vermelho (Inia geoffrensis) no tocante às sequências de DNA (ácido desoxirribonucleico).
Os resultados da pesquisa fazem parte da dissertação de mestrado ‘Citogenética clássica e molecular do boto-vermelho Inia geoffrensis’, elaborada por Heide Luz Bonifácio, sob a orientação da pesquisadora Eliana Feldberg.
O trabalho foi concluído em 2011 e contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), além da Petrobras Ambiental, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes) e a Associação Amigos do peixe-boi (Ampa).
Os pesquisadores coletaram amostras de 27 indivíduos, sendo 14 fêmeas e 13 machos distribuídos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (RDSM), próximo a Tefé (distante 523 km a oeste de Manaus), no município de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 km da capital), Aruanã (GO), Rio Branco (AC) e nas proximidades de Manaus.
A pesquisadora explicou que o boto-vermelho é uma espécie do topo da cadeia alimentar e, por isso, pode acumular componentes tóxicos em seu organismo. Ela disse que estudos já indicaram a presença de mercúrio e DDT (sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano – um tipo de pesticida) em amostras de sangue e de tecido desta espécie.
“É de suma importância entender como o genoma está organizado. Posteriormente, poderemos verificar como estes componentes químicos estão alterando ou não o genoma. Os dados também são importantes para a conservação da espécie”, alertou.
Espécie rara
Entre as duas espécies de golfinhos de rio da Amazônia, segundo Bonifácio, o boto-vermelho é a mais próxima aos ancestrais dos cetáceos, que constituem uma ordem de animais marinhos, porém, pertencentes à classe dos mamíferos. Entender como o genoma está organizado possibilita compreender a evolução do animal, uma vez que as informações genéticas são compartilhadas com os ancestrais deles.
“Baseado em análises moleculares e morfológicas, o boto-vermelho é considerado uma espécie relíquia, ou seja, rara. Além disso, a pesquisa permitiu perceber como o genoma de uma espécie está organizado e também quais foram os rearranjos cromossômicos que ocorreram durante a evolução”, explicou.
Conforme Bonifácio, os resultados indicam que os cetáceos não apresentam uniformidade cariotípica (que representa o número total de cromossomos de uma célula somática do corpo). Estudos futuros devem revelar se as alterações são resultantes de modificações do ambiente natural do golfinho.

Fonte: Portal Amazonia.

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