MANAUS – Pesquisa divulgada, nesta terça-feira (10), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta um dado preocupante em relação a oferta de médicos no Sistema Único de Saúde (SUS) na região Norte. Enquanto a média brasileira de médicos por mil habitantes fica em 3,1, no Norte o número corresponde a 1,9. As regiões Sul e Sudeste apresentam igualmente uma média de 3,7 profissionais neste contexto. Segundo a pesquisa, os dados permitem concluir que os profissionais mais bem qualificados estão concentrados nas regiões mais desenvolvidas economicamente.
De acordo com o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, a desigualdade na saúde ocorre porque os equipamentos e a presença dos profissionais é diferenciada. “O Estado tem uma atuação bastante complexa do ponto de vista de um país continental e com uma população que é a quinta do mundo. Essa complexidade é maior pelo fato de termos um sistema único de saúde especialmente na atuação pública fazendo com que todo o país seja atendido embora as regiões mais ricas sejam aquelas que possuem melhores equipamentos e maior presença de profissionais, quando os estados mais pobres não têm o mesmo padrão de intervenção”. Veja o comunicado na íntegra.
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Segundo a pesquisa “Presença do Estado no Brasil”, que analisa a atuação do Estado em diversas áreas, o problema da concentração de médicos e leitos para internação nas regiões Norte e Nordeste, é evidenciado pela concentração de profissionais nas capitais e nas poucas cidades de maior porte dos estados. O Brasil tem 1.616 municípios – que representam 29% do total, com população estimada em 20.727.759 ou 11% do total com média inferior a um médico por mil habitantes – cuja concentração se dá nas regiões menos desenvolvidas do país, aponta o relatório.
Na região Norte, o número de municípios nesta condição representam 69% do total. O instituto apontou a existência de um total 28.510 para 15.359.608 de habitantes, população estimada em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com média de 1,9 profissionais por mil habitantes no Norte. A região lidera o ranking com menor quantidade de médicos, seguida pela Nordeste com média de 2,4 profissionais por mil habitantes. O Brasil concentra um total de 600.399 médicos que atendem ao SUS para uma população estimada de 191.480.630 habitantes.
Estados
Estados
Pará e Rondônia estão entre os estados da região Norte com a menor oferta de médicos no Sistema Único de Saúde, segundo o Ipea, com média de 1,5 e 1,8 médicos por mil habitantes respectivamente. O levantamento mostra ainda o Amapá com uma taxa de 2,4 médicos que atendem no SUS. Amazonas e Acre apresentam uma média igual de 2,3 médicos. Já o estado do Tocantins aparece com uma taxa equivalente a 2,2 profissionais por mil habitantes, enquanto que o estado de Roraima apresenta a maior quantidade de médicos da região, com média de 2,6 profissionais.
Apesar de possuir uma das melhores taxas de profissionais na região Norte, segundo estudo do Ipea, o Conselho Federal de Medicina (CFM) chegou a apontar o Amazonas como uma das piores Unidades Federativas brasileiras quanto à distribuição demográfica de médicos. O Estado tem apenas 1,10 profissional para cada 1 mil pessoas. A disparidade da capital para o interior do Estado é comprovada pela Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam): há 3,6 mil médicos em Manaus e apenas 420 no interior. A entidade também alegou existência de quatro vezes menos médicos no Sistema Único de Saúde (SUS) do que no setor privado.
Leitos
Quanto ao número de leitos de internação pelo SUS, estes somaram em novembro de 2011 um total de 330.641. A região Norte também apresentou a maior carência na distribuição regional destes leitos: com 7,4% do total; Nordeste, 30,1%; Sudeste, 38,7%; Sul,16,1%; e Centro-Oeste, 7,8%. A pesquisa do Ipea mostrou que São Paulo detém 18% do total de leitos e o Acre, 0,25%. No ranking da oferta da maior quantidade de leitos, o Amazonas aparece em 10º lugar com um total de 5.188 leitos de internação no SUS até novembro do ano passado. Roraima ocupa a primeira posição nas estatísticas de menor oferta, com 822 leitos disponíveis na rede pública de Saúde.
Fonte: Portal Amazonia
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