O dia 20 de novembro, dia da
consciência negra, foi especial para o Quilombo Urbano Barranco de São
Benedito. A localidade recebeu a placa de Patrimônio Imaterial do Estado do
Amazonas com festa. O Projeto de Lei é de autoria do deputado Bosco Saraiva
(PSDB), aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Estado do
Amazonas (ALEAM), em junho deste ano. A iniciativa busca preservar as tradições
dos que sucederam os descendentes de escravos maranhenses.
“Este é um marco para história do
Amazonas. Neste Barranco mora a resistência negra, o avanço da cultura, da
manutenção das suas matrizes, raízes, sua história, e consequentemente da sua
luta. No Quilombo de São Benedito foi que Nestor Nascimento iniciou em um
período difícil, o da ditadura militar, a luta pela libertação social e racial;
fazendo com que os olhos se voltassem para a causa negra no Estado.”, relata o
parlamentar.
O quilombo existe há 125 anos, e
é formado por descendentes de escravos maranhenses que se estabeleceram no
Bairro Praça 14 de Janeiro. O vilarejo composto por 25 famílias foi definido
como o segundo quilombo urbano reconhecido no Brasil, título concedido pela
Fundação Cultural Palmares. Para Keilah da Silva, presidente da Associação
Crioula do Quilombo de São Benedito, ter se tornado também Patrimônio do
Amazonas é um reconhecimento do Estado quanto à importância da história e
identidade da comunidade.
“Ser reconhecido como Patrimônio
Imaterial é de suma importância para a comunidade quilombola do Estado do
Amazonas. Nossos antepassados lutaram bastante por isso, e hoje na quinta
geração do Barranco de São Benedito nós conseguimos essa realização. Estamos muito
felizes com o tombamento e certificação. Agora temos a intenção de melhorar a
vida dos que moram na comunidade.”, declara a presidente.
“O Movimento do Orgulho Negro do
Estado do Amazonas esteve na solenidade. O vice-presidente da entidade, Cassius
Silva, acredita que através do tombamento há uma afirmação e reconhecimento
desse território. “Com o tombamento as pessoas passam a conhecer o Quilombo
Urbano de São Benedito como peça fundamental para a cultura e história do nosso
Estado.”, disse Cassius.
O deputado estadual Bosco
Saraiva, também presidente da Comissão de Cultura da ALEAM, aguarda a votação
de outros Projetos de Lei voltados ao tombamento como Patrimônio Cultural e
Imaterial, são eles: obras do arquiteto Severiano Melo, Banda da Kamelia e o
Samba. Os PL’s devem ser votados pela Casa Legislativa ainda em 2015.
Devoção a São Benedito
Os mais de 300 remanescentes mantêm
a tradição e os costumes ao redor de São Benedito, o padroeiro da vila. Ele é
apontado como o responsável pela preservação da tradição dos fundadores da
comunidade do Barranco. A igreja de Nossa Senhora de Fátima, no bairro Praça 14
de Janeiro, deveria ter o nome do santo protetor dos negros, mas por pressão
dos portugueses isso não aconteceu. Mesmo assim, a comunidade realiza há mais
de um século os festejos em honra ao padroeiro com a estátua trazida pela avó
Severa do Maranhão, após ser alforriada.
Com informações da Assessoria
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